Iniciativa une cooperativas, empresas e sociedade civil para ampliar a renda, infraestrutura e reconhecimento dos catadores e catadoras de materiais recicláveis
Na terça-feira (6), foi lançado no Jardim Jaqueline, na Zona Oeste da capital paulista, o projeto Catador Valorizado: agente ambiental de um futuro mais justo e sustentável, uma parceria entre a Fundação Banco do Brasil e a Cooper Vira-Lata. A iniciativa busca promover a valorização de catadores e catadoras de materiais recicláveis por meio de ações de inclusão produtiva, capacitação, reconhecimento social e sustentabilidade.
O deputado estadual Luiz Claudio Marcolino (PT), um dos principais defensores dessa categoria de profissionais autônomos e cooperativas do estado de São Paulo na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), participou do lançamento do projeto que vai modernizar a Cooper Vira Lata e promover a inclusão de outros 117 catadores avulsos das Zonas Sul e Oeste de São Paulo, que contarão com o apoio da cooperativa. Ele é autor de dois projetos de lei que institui políticas e medidas que valorizam os catadores e as catadoras.
O evento de lançamento reuniu representantes de diversas instituições públicas e privadas, parlamentares, secretarias municipais e estaduais, movimentos sociais, entidades do setor de reciclagem e lideranças comunitárias. Além do deputado Marcolino, estiveram presentes o presidente da Fundação BB, Kleytton Guimarães Morais, o subprefeito do Butantã, Gilberto Regueira, os vereadores Thammy Miranda (PSD) e Silvia Morales (Piracicaba), a vice-presidenta da CUT-SP, Ivone Silva, e representantes do governo federal, como Ary Moraes, enviado da Secretaria-Geral da Presidência da República.
Para o deputado Luiz Claudio Marcolino, o projeto representa um marco na luta pela valorização do trabalho dos catadores no estado. “Iniciativas como essa mostram o que é possível quando o poder público, as cooperativas e a iniciativa privada se unem. Estamos falando de mais dignidade, segurança, renda e visibilidade para esses trabalhadores e trabalhadoras, que muitas vezes são invisibilizados, mesmo prestando um serviço essencial à sociedade”, afirmou o parlamentar.

Marcolino também destacou o papel das cooperativas na estruturação do trabalho de coleta e separação de resíduos. “Quando os materiais recicláveis passam pelos atravessadores, quem realmente trabalha duro — o catador — recebe muito pouco. Apoiar cooperativas como a Vira-Lata é garantir que esse valor fique com quem realmente produz. É uma forma de justiça social e econômica”, completou o deputado.
O projeto vai beneficiar diretamente 117 catadores avulsos e cooperativas dos bairros Capão Redondo e Aracati e das cidades de Cotia, Osasco, Embu-Guaçu, Cananéia e Piracicaba. Atualmente, a Cooper Vira-Lata conta com 60 cooperados e 23 catadores avulsos que juntos reciclam cerca de 13 toneladas de materiais por mês. Com a nova estrutura, a capacidade de triagem poderá ser ampliada em até 40%, com a inclusão de novos trabalhadores e melhoria dos processos.
Os participantes do projeto receberão carrinhos de coleta, equipamentos de proteção individual (EPIs), uniformes e big bags para o transporte de materiais. Também serão capacitados com treinamentos técnicos de triagem conforme os padrões da indústria, formação em segurança do trabalho e atividades de educação ambiental.
O presidente da Fundação Banco do Brasil, Kleytton Guimarães Morais, ressaltou o compromisso da instituição com a valorização humana e a sustentabilidade. “Estamos dialogando com catadores que sabem o que querem: dignidade, respeito e o reconhecimento como agentes ambientais. Este projeto é um instrumento para agregar valor ao seu trabalho e garantir salvaguardas aos seus direitos humanos”, afirmou.
Entre as ações estruturantes previstas pelo projeto que conta com investimento ao longo dos investimentos de R$ 3 milhões, estão a compra de um caminhão exclusivo para coleta dos catadores avulsos, a instalação de uma nova prensa com capacidade de processar 300 kg por hora, a construção de uma cisterna para reaproveitamento da água da chuva, a implantação de painéis de energia solar e o desenvolvimento de uma horta comunitária voltada à alimentação dos cooperados e da comunidade local.
O presidente da Cooper Vira-Lata, Wilson Santos Pereira, destacou o impacto transformador da parceria. “A história da nossa cooperativa é a história de resistência, trabalho coletivo e construção de alternativas reais para os catadores. Esse projeto é a confirmação de que a luta vale a pena. A articulação com o poder público, como a feita pelo deputado Marcolino, e o apoio de empresas e entidades sociais é o que torna esse sonho possível”, afirmou.
Representando o governo federal, Ary Moraes, assessor da Secretaria-Geral da Presidência da República, reiterou a retomada de políticas voltadas à inclusão social promovidas pela gestão do presidente Lula. “Este projeto é um exemplo claro da nova fase do governo federal, que coloca os catadores no centro da política pública, reconhecendo seu papel como agentes da sustentabilidade e da economia circular.”
O mandato do deputado Luiz Claudio Marcolino tem sido uma das principais vozes na Alesp na defesa dos catadores e catadoras de recicláveis. O parlamentar é autor de dois projetos de lei voltados à valorização da categoria. O PL 393/2024, já aprovado pelos deputados, mas vetado pelo governador Tarcísio de Freitas, prevê o pagamento de um valor mensal pelos serviços ambientais prestados pelos catadores. Já o PL 423/2024 propõe a obrigatoriedade de contratação de catadores autônomos ou cooperativas para a coleta de recicláveis em órgãos e eventos públicos estaduais.
“A aprovação e a implementação dessas propostas são fundamentais para consolidar políticas públicas permanentes que garantam dignidade e oportunidade de trabalho aos catadores e catadoras em todo o estado de São Paulo”, concluiu Marcolino.
Além das lideranças políticas, o evento contou com a participação de representantes de instituições como LOGA, Natura, Ambipar, TetraPak, Correios, Instituto Lula, Prodesp, CCR/Via Mobilidade, Glass is Good, Pimp My Carroça, Projeto Arrastão, Salve Recicla, Comitê Betinho, Rede Cananéia, Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Osasco) e diversas cooperativas como a CooperCanis (Cananéia), Caminho Certo (São Paulo), Reciclador Solidário (Piracicaba) e Luxo no Lixo (Cotia).
A experiência do projeto Catador Valorizado reafirma o potencial do cooperativismo como modelo de organização econômica sustentável, inclusivo e justo, ao mesmo tempo em que contribui para o fortalecimento da economia circular no país.










