Audiência amplia mobilização contra fraudes trabalhistas do Santander

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Deputado estadual Luiz Claudio Marcolino e entidades sindicais denunciam banco Santander por fechamento de agências e terceirizações que retiram funcionários da categoria bancária

O deputado estadual Luiz Claudio Marcolino (PT/SP) recebeu mais de 300 bancários na audiência pública realizada no dia 16/06 para discutir os impactos para a população dos fechamentos de agências físicas do Santander, das contratações fraudulentas de funcionários terceirizados, mas que realizam funções bancárias e do assédio por metas abusivas praticado contra os trabalhadores e trabalhadoras seja no banco ou nas empresas criadas para burlar o pagamento de direitos que a categoria bancária conquistou.

Representantes dos sindicatos de bancários das cidades Araraquara, Catanduva, Limeira, Jundiaí, Bragança Paulista, São Paulo, Taubaté, Mogi das Cruzes, Presidente Prudente, Guarulhos e do ABC marcaram presença na audiência que foi idealizada pelo mandato do deputado Marcolino em parceria com a Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito de São Paulo (Fetec-CUT), presidida por Aline Molina.

O evento contou ainda com o apoio de entidades sindicais e associações da categoria, como a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, da Associação dos Funcionários do Grupo Santander Banespa, Banesprev e Cabesp (Afubesp) e Central Única dos Trabalhadores (CUT-SP). Todos foram unânimes em denunciar os problemas causados pelo Santander.

“Com essa prática nociva, o banco espanhol desrespeita o Brasil, prejudicando clientes, com a exclusão bancária dos mais vulneráveis pois as agências fechadas estão situadas principalmente nos bairros periféricos da Grande São Paulo e nos municípios do interior. O banco retira direitos dos trabalhadores e enfraquece os sindicatos, com práticas antissindicais. O banco não respeita o compromisso assumido quando adquiriu o Banespa, um banco público estadual muitas vezes o único em algumas dessas localidades”, destacou Marcolino.

 “Estamos aqui para denunciar uma fraude trabalhista que faz parte de um ataque sistêmico. Não é só o Santander, é todo o sistema rentista brasileiro, que quer Estado máximo para eles e Estado mínimo para o povo”, afirmou Aline Molina, presidenta da Fetec-SP.

Na audiência, o deputado Marcolino apresentou dados que mostram que, entre 2009 e 2024, o Santander Brasil fechou 280 agências e mais 374 pontos de atendimento entre 2023 e 2024. O banco divulgou aumento do número de empregados, de 47.819 em 2009 para 55.646 em 2024, mas houve redução do número de bancários.

“No Brasil, o grupo espanhol pratica a terceirização fraudulenta. Ele criou 20 empresas coligadas e transfere os trabalhadores para essas empresas, com contratos trabalhistas que os retiram da categoria bancária, e com isso burlando os direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos bancários”, afirmou o deputado Marcolino.

Atualmente, têm vínculo direto com o banco 54% do total de trabalhadores. E há a redução de salários e benefícios, perda de representatividade sindical e enfraquecimento da categoria bancária.

A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Neiva Ribeiro, ressaltou que o banco não quer pagar mais impostos, pratica fraude trabalhista, demite e fecha agências, promovendo a exclusão bancária principalmente da população mais pobre e dos idosos, que muitas vezes não conseguem usar os aplicativos. “Estamos aqui para denunciar o abuso do Santander para a sociedade, e faremos também diversas ações de comunicação e mobilização. Essa audiência é a primeira de uma série de outras em vários municípios paulistas”, disse Neiva.

Lucros bilionários obtidos às custas dos trabalhadores

Na audiência, a economista do Dieese, Rosângela Vieira, apresentou informações que demonstram a fraude da terceirização praticada pelo Santander. Segundo ela, o lucro do grupo no país representa entre 18% a 20% do resultado mundial, ficando atrás apenas da Espanha.

Mesmo com esse resultado, o Santander está fechando postos de trabalho. “Entre 2009 e 2024 o número de empregados cresceu, mas ao mesmo tempo, as despesas com pessoal do banco caíram 4,1% e a despesa média por trabalhador teve queda de 17,6%. O Santander consegue esse resultado por causa das fraudes trabalhistas que o banco vem praticando, que reduzem salários e benefícios, terceirizando trabalhadores para outras empresas coligadas do grupo. Já foram extintos cerca de 20 mil postos de trabalho no banco, a maioria de mulheres, e sem justificativa paras tantas demissões porque o banco tem apresentado lucros bilionários”, afirmou.

Também participante da audiência, Rita Berlofa, diretora de Relações Internacionais da Contraf-CUT e bancária do Santander, ressaltou que a atuação do banco pode ser comparada à exploração colonial espanhola, que saqueou riquezas e deixou um legado de escravidão e morte. 

Guardadas as proporções históricas, o banco tem uma concessão pública e só pensa em cortar custos para ampliar lucros que não ficam no Brasil, vão para a Espanha. O rastro é de demissões, fechamento de agências e práticas antissindicais inéditas. Se não rompermos essa sangria, não há garantia de que outros bancos não seguirão o mesmo caminho”, disse.

A mesa do debate contou ainda com a participação de Wanessa Queiroz, coordenadora da Comissão de Empresa (COE) e bancária do Santander; Raimundo Suzart, presidente da CUT/SP e Maria Rosani Gregorutti, presidenta da Afubesp e bancária do Santander.

A audiência encaminhou para a realização de mais atos nos municípios paulistas para mostrar à sociedade as fraudes cometidas pelo Santander na contratação terceirizada, mobilização por meio de abaixo-assinados para garantir a manutenção das agências nas cidades prejudicadas com o fechamento dessas unidades e defesa da preservação das agências pioneiras que eram Banespa, além de medidas jurídicas que possam ser tomadas.

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