Deputado Luiz Claudio Marcolino critica aprovação do PL da Devastação

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Parlamentar critica projeto aprovado na Câmara que desmantela regras do licenciamento ambiental e pede veto integral por parte do presidente Lula

O deputado estadual Luiz Claudio Marcolino (PT-SP), membro titular da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Alesp, repudiou nesta quinta-feira (17) a aprovação do Projeto de Lei 2.159/2021 pela Câmara dos Deputados. Conhecido por organizações socioambientais como “PL da Devastação”, o texto desmonta pilares do licenciamento ambiental no país, fragiliza o papel de órgãos técnicos como Ibama e ICMBio e abre caminho para a legalização de práticas predatórias em setores como mineração, agronegócio e infraestrutura.

Aprovado por 267 votos a favor e 116 contrários, o projeto foi levado ao plenário em meio à pressa e forte pressão da bancada ruralista, com manobras regimentais que impediram o debate aprofundado com a sociedade e os especialistas.

Segundo o parlamentar, o que foi aprovado é um cheque em branco para o desmatamento, a contaminação das águas e o avanço sobre territórios tradicionais. “Não é exagero dizer que estamos diante de um atentado ambiental com consequências gravíssimas para o Brasil e o planeta”, destacou.

Entre as mudanças mais graves está a criação da licença por adesão e compromisso, modalidade em que o próprio empreendedor declara o cumprimento das exigências ambientais sem necessidade de análise prévia dos órgãos competentes. Isso se aplicaria inclusive a empreendimentos de médio impacto, como loteamentos urbanos, obras viárias, usinas e atividades de mineração.

Para o deputado, o discurso de modernização que embasa o projeto esconde um profundo retrocesso nas garantias legais de proteção ao meio ambiente: “Esse projeto favorece empreendimentos predatórios, silencia órgãos técnicos e exclui populações vulneráveis do processo de decisão. Foi aprovado às pressas, às escondidas da sociedade, em um momento em que enfrentamos os efeitos concretos das mudanças climáticas”, afirmou.

O texto ainda reduz prazos de análise, dispensa consulta a povos indígenas e comunidades tradicionais e permite o avanço de obras e atividades sobre áreas com vegetação nativa sem autorização expressa dos órgãos ambientais.

Segundo Marcolino, o projeto compromete décadas de avanços na legislação ambiental brasileira, especialmente em biomas já ameaçados como a Mata Atlântica, o Cerrado que são biomas presentes no estado de São Paulo e a Amazônia.“Não existe desenvolvimento sustentável sem respeito ao meio ambiente. O que está em jogo é a saúde das pessoas, a segurança hídrica, a estabilidade climática e os direitos das futuras gerações”, reforçou o parlamentar.

Pressão pelo veto

O projeto segue agora para sanção presidencial. Entidades da sociedade civil, movimentos sociais, cientistas e ambientalistas já organizam uma ampla mobilização pedindo o veto integral por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Mais de 350 organizações — entre elas a APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), o MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), a CUT, o Greenpeace e o Observatório do Clima — assinaram um manifesto conjunto alertando para os impactos do projeto e cobrando que o governo federal interrompa esse retrocesso.“Estamos diante de uma decisão histórica: seguir o caminho da sustentabilidade ou da destruição autorizada. O veto é essencial para evitar o colapso das garantias legais de proteção ambiental no Brasil”, defendeu Marcolino.

O deputado também reafirmou seu compromisso com a luta ambiental na Assembleia Legislativa e destacou que continuará atuando contra retrocessos e em defesa de políticas públicas que preservem a biodiversidade, os recursos naturais e os direitos das populações atingidas.

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